Exercício físico e o AVC
Sabia que o sedentarismo é o responsável indireto por 5 milhões de morte por ano em todo mundo, sendo a maioria delas de origem cardiovascular? Pratique exercício físico e previna o AVC.
São várias as evidências que apontam que o exercício físico regular e orientado, reduz substancialmente o risco de aparecimento de acidente vascular cerebral (AVC). Através do exercício, fatores como a obesidade, diabetes, colesterol elevado, hipertensão, que estão intimamente relacionados com o AVC, tem tendência a estar controlados e consequentemente associados a um menor risco para a saúde da pessoa.
O que é um AVC?
Em primeiro lugar e para uma melhor compreensão desta relação, é importante definir o que é o acidente vascular cerebral. De uma forma simples, podemos descrever que AVC ocorre quando uma artéria cerebral bloqueia (isquémico) ou em último caso se rompa (hemorrágico), resultando na morte de uma área do tecido cerebral devido à perda do aporte sanguíneo nessa região. A sua denominação deriva do facto de ser uma doença que afeta simultaneamente o encéfalo (cérebro) e os vasos sanguíneos (vascular) que fornecem o sangue a essa mesma estrutura. Os sintomas ocorrem de forma súbita e podem incluir paralisia, perda de sensibilidade de um dos lados, fraqueza muscular, confusão mental, dificuldade na fala, problemas de visão, tonturas, falta de equilíbrio e coordenação. A recuperação está dependente de vários fatores, como a localização, extensão dos danos, idade e historial clínico. Quando a interrupção do fornecimento de sangue é breve, permitindo que o restabelecimento ocorra totalmente e sem prejuízo para o tecido cerebral, denominamos este episódio como acidente isquémico temporário (AIT). No fundo é um mini acidente vascular cerebral, que deve ser visto como um sinal de alerta para um AVC isquémico iminente.
AVC e fatores de risco
Existem vários fatores de risco relacionados com o aumento da incidência de episódios de AVC. Dentro deles podemos encontrar os que são ou não modificáveis.
Por fatores de risco não modificáveis (que não podemos controlar):
• Historial de AVC
• Fatores genéticos
• Idade
Fatores de risco modificáveis (que podemos controlar):
• Hipertensão
• Colesterol elevado
• Diabetes
• Resistência à insulina
• Tabagismo
• Obesidade
• Álcool e drogas
• Depressão
• Outras doenças cardíacas
• Má alimentação
• Exercício Físico
A utilização de exercício físico como estratégia
Eliminar ou reduzir fatores de risco é fundamental quando falamos de prevenção de AVC. Tratar a causa e não o problema (diagnóstico) revela-se assim a estratégia mais adequada neste contexto. É importante definir qual o melhor mecanismo para o fazer e de que forma o podemos estruturar e tornar exequível.
Quando pensamos em exercício físico, pensamos num método que se mostra eficaz na prevenção e controlo dos diversos fatores acima referidos. Compreendamos deste modo, a sua forma de atuação:
• Redução do peso corporal: o exercício, como atividade que promove dispêndio energético, contribui para um constante equilíbrio calórico, fundamental para o controlo do peso.
• Aumento da sensibilidade à insulina: o exercício promove a redução de processos inflamatórios no organismo, que por sua vez facilitam a captação de insulina pelos respetivos recetores celulares. A resistência à insulina é o principal fator que caracteriza a diabetes tipo II.
• Diminuição da resistência vascular periférica: uma das adaptações ao exercício físico regular, é a diminuição da frequência cardíaca de repouso, que por sua vez diminui o débito cardíaco (volume de sangue bombeado por minuto) e como consequência, provoca diminuição pressão arterial.
• Melhoria do perfil lipídico: o exercício contribui para a melhoria do funcionamento dos processos enzimáticos envolvidos no metabolismo lipídico (síntese e degradação de lípidos nas células), fundamentais para o controlo do colesterol do sangue.
Conclusão
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o sedentarismo é o responsável indireto por 5 milhões de morte por ano em todo mundo, sendo a maioria delas de origem cardiovascular. Torna-se urgente a criação de linhas orientadores que promovam e incentivem a prática regular de exercício físico pelas diferentes faixas etárias e apoios que possibilitem a manutenção dessa prática, sobretudo nos meios mais carenciados. No AVC em particular, o importante é atacar a causa e adotar meios que permitam evitar ou neutralizar os fatores de risco associados. A melhor resposta, será sempre aquela que adota um comportamento preventivo ao invés do tratamento após diagnóstico. É importante também ter em conta, que apesar de fundamental, o exercício físico é um mecanismo que para ter sucesso depende que outros comportamentos estejam alinhados. Deste modo, uma alimentação e um descanso adequado são essenciais para a obtenção de sucesso.
Alexandre Ichim