As crianças podem vir ao ginásio?
Quando falamos em treino físico, esquecemo-nos muitas vezes que este também é aplicável às crianças. Sabemos que a prática de exercício é necessária desde cedo pois através dela, a criança aprende competências motoras que de outra forma não as iria adquirir. Com o passar do tempo, fruto de uma adaptação sociocultural, as crianças deixaram as brincadeiras de rua e passaram a brincadeiras cada vez mais sedentárias. As crianças passaram de um outrora ativo, cheio de atividade física e em contato com a natureza, para um dia a dia de casa-escola, e com poucas oportunidades de se exercitarem.
Felizmente, de modo a combater problemas cada vez mais comuns como a obesidade infantil, existem as atividades extracurriculares promovidas a partir do sexto ano de vida da criança em espaços escolares e até mesmo em ginásios e clubes, como o futebol, o ballet, natação, ginástica artística entre outras que dão a oportunidade às crianças de colmatarem a falta de exercício físico diário, estas atividades conseguiram diminuir em 28% a obesidade infantil, problema esse que vinha a ser crescente no nosso país desde o final da década de 80, como apontam os últimos dados recolhidos no ultimo estudo da COSI Portugal em novembro de 2023.
Mas a partir de que idade as crianças podem frequentar ginásio? Por norma as crianças podem ser aceites em ginásios e health clubs a partir dos 12 anos de idade, para tal é necessário o encarregado de educação faça um pedido escrito à direção do espaço, e caso este seja aprovado, o treino nestes espaços tem de ser devidamente acompanhado e vigiado, desta forma na maior parte dos casos, os treinos são personalizados e acompanhados por um personal trainer. E que tipo de treino é aconselhável para uma criança fazer num ginásio?
Na prescrição de um treino, o personal trainer tem de ter em conta o fator idade, pois há que entender que nesta fase da vida, o excesso de exercício por quantidade ou por excesso de carga, pode comprometer o desenvolvimento muscular e ósseo, e consequência atrofiar a estrutura musculoesquelética da criança e dai advenham problemas maiores. Embora não haja estudos concretos que comprovem a 100% esses malefícios, é comum verificar que (excetuando os treinos preparados para crianças que estão a ser preparadas para competição) os treinos preparados para os mais novos remetem a treinos onde há um trabalho cardiovascular e de aprendizagem motora. Nesta fase, o crescimento e fortalecimento muscular é dado sobretudo através de exercícios compostos e calisténicos adaptados à faixa etária, onde a criança aprende a conhecer o seu corpo e as suas destrezas. Caso haja interesse da criança, e a devida supervisão de um profissional, esta pode utilizar máquinas de musculação, tendo sempre em conta as cargas em que nela trabalha. Nesta fase, é aconselhável também que os treinos incluam exercícios de destreza e coordenação motora, e por isso, existe uma crescente procura de aulas de grupo para os mais novos, aulas como zumba, kick boxing, setp e pilates.
Renato Machado